sexta-feira, 3 de junho de 2011

*Arte* Rita Loureiro



Boi Vento


Nascida em Manaus, no ano de 1952, Rita Loureiro mudou-se para o Rio de Janeiro onde começou a pintar. Mas assim como Hieronymus Bosch, a vida de Rita Loureiro não é muito clara, pois "exilou-se" na Amazônia para criar um repertório sem influências externas, suas obras têm uma intensidade marcante e inúmeras hipóteses de significado e interpretação, algumas figuras são facilmente reconhecidas por pessoas que compartilham da cultura amazonense e que conhecem lendas, danças, costumes e histórias de onde Rita tomou inspiração e repertório de pintura.


"Desfolhante Laranja"



Em 1984, executou um trabalho de ilustração de Macunaíma, o herói sem caráter, de Mário de Andrade. No livro Boi-Tema sobre a exposição homônima da artista, Gilda de Melo e Souza, em sua apresentação aborda o período em que Rita Loureiro esteve isolada na Amazonia produzindo as ilustrações de Macunaíma como um período de aprendizado e experimentação, revelando o autêntico estilo dela mais tarde, depois de participar de diversas exposições, na "Boi Tema", no Museu de Arte de São Paulo em 1984.




"Pesadelo do Vaqueiro"


Inspirada basicamente no Boi-Bumbá, todas as personagens, a indumentária, a figuração simbólica, sugestões plásticas e situações derivam de sua inspiração. Familiar ao povo em que lhe serviu de inspiração, sua obra transmite historietas, críticas sociais ou políticas forjadas, versões pessoais de mitos, modo de compor igual ao utilizado no Quattrocento para revitalizar a pintura no Ocidente. O tema, a artista revelou, foi escolhido por influência de Mario de Andrade, que considerava o boi como figura importante no imaginário brasileiro, sendo “o bicho nacional por excelência”.

Os quadros de Rita remetem a festas populares com determinados conceitos de espaço, acessórios, decorações, personagens e até mesmo situações dramáticas, retratam o espaço no sentido horizontal e em disposição em desfile, representando as longas distâncias e paisagens da Amazônia.

Rita fundiu a tradição erudita e européia com profundas raízes populares, graças a seu isolamento na Amazonia pôde refletir sobre sua pintura longe das modas e manias, absorvendo sem preconceito a arte de períodos como o Quattrocento e a arte holandesa, sendo considerada como a equivalente brasileira do inquietante Hieronymus Bosch.


Obs.: Perdoem-me pela qualidades das imagens, mas na internet foi impossível conseguir imagens das obras da artista, portanto tive que escaneá-las do livro que usei para me ajudar a escrever o texto.


Fontes

Livro: Boi-Tema - Texto de Gilda de Mello e Souza

Site: Itaú Cultural

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